Um dos objetivos de Belém Antiga é multiplicar o interesse pela história e pela preservação da memória da cidade. Hoje, mais uma vez, uma prova de que é possível fazer uma fan page colaborativa. Quando viu a postagem sobre a Rampa da Sacramenta, o colaborador Aroldo Nicolau Jr foi além da imagem, como deve ser para ver além do óbvio. Leu a mensagem de quem mandou o postal e surpreendentemente, flagrou um dos momentos mais críticos da saúde pública de Belém. Compartilhada com todos nesta postagem
Diz o comentário de Aroldo Nicolau Jr
" Por acaso vocês leram a mensagem em inglês no postal da Rampa da Sacramenta datada em 26/04/1905? Provavelmente o remetente estava a bordo de um navio de cruzeiro e se queixava que "estava sendo assado vivo aqui e parcialmente devorado pelos carapanãs, tentando se livrar dali em 2 dias/semanas/meses..." Belém deveria estar insuportável neste inverno e deve ter sido antes da campanha de saneamento empregada pelo Intendente Antônio Lemos, através do esforço de guerra do Oswaldo Cruz.
A mensagem do postal leva para um dos momentos mais críticos da saúde pública na capital. Tanto que , pouco tempo depois de ter sido enviado, em 6 de novembro de 1910, chegava ao porto de Belém, o sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz e sua comitiva de cerca de 80 homens, , para realizar as ações de combate à Febre Amarela, e da infestação de mosquitos citada por nosso autor do postal original.
A cidade ainda vivia o esplendor econômico e cultural proporcionado pelo ciclo da borracha, iniciado em 1870, mas penava com a febre amarela. A convite das autoridades locais, a equipe de Oswaldo Cruz enfrentou a doença com os mesmos métodos utilizados no Rio de Janeiro — entre eles, o extermínio dos focos e o isolamento dos doentes com telas e mosquiteiros.
A técnica pode ser vista na foto seguinte, que registra o isolamento lona de uma casa que existia na esquina da Avenida da República ( hoje Presidente Vargas) com a Travessa Aristídes Lobo, na Campina. Isolado com lona, o imóvel era todo borrifado com o inseticida. Graças a técnicas como essa, em apenas seis meses de campanha, Belém estava livre da febre amarela.
Gostou? Compartilhe!
Fontes: Belém da Saudade, 2004-Secult e Habib Fraiha Neto em Oswaldo Cruz e a febre amarela no Pará (2012).
ConversãoConversão EmoticonEmoticon