O Domingo que fez tremer as estrutura do maior edifício de Belém. A Segunda que provocou uma inédita iniciativa do arcebispo que pela primeira vez excomungou “ Uma Televisão”. Uma manhã inesquecível, quando católicos e umbandistas se encontraram na tela da Tv paraense.
No início de 1975, a TV Guajará foi palco de um grande escândalo religioso, quando no domingo foi exibido um programa com sessão de Umbanda e o programa religioso Santa Missa da Igreja Católica, na manhã. A santa missa foi um pedido do arcebispo dom Alberto Gaudêncio Ramos, sempre as 10 da manhã de domingo.
Ele mesmo fazia questão de celebrar as missas. O problema é que D. Alberto resolveu, sem aviso prévio, dois meses depois, celebrar a missa na concorrente TV Marajoara com dom Aloísio Lorscheider, e um jovem Padre Bruno Sechi, que esteve na Guajará, mas nada disse da surpresa do dia seguinte.
O diretor da Guarajá, um militar da aeronáutica chamado Alamar Régis Carvalho, resolveu dar o troco. No sábado anterior a estréia na Marajoara, ordenou que um auxiliar procurassem “macumbeiros” em Belém, pois queria fazer o programa deles às 10 horas da manhã de domingo.
O auxiliar alertou que às 10 da manhã era um horário impossível e que isso causaria problemas com a igreja. Alerta ignorado, o domingo ia ser inesquecível. Sabendo que Lopo de Castro, o dono da emissora gostava muito de uma pequenos cultos afros, Alamar telefonou a ele dizendo que o Joãozinho da Goméia, famoso na Bahia, estava em Belém ( na verdade ele tinha morrido 4 anos antes.
Pediu permissão para fazer o programa e o Lopo aceitou, com chamadas nos intervalos da novela "Fogo Sobre Terra": Dizia a chamada “ "Neste domingo, às dez horas da manhã, Sessão de Umbanda, aqui no seu canal 4. E logo após: a santa missa." O diretor Alamar comprou velas em um supermercado que existia no térreo do mesmo Edifício Manoel Pinto da Silva, onde ficava a televisão.
Fez "o Mandarim", ser aberto na noite de sábado e comprou fitas vermelhas, pretas, verdes e tudo o que um cenário de terreiro teria direito. Próximo à meia noite, Zé Paulo, hoje um dos mais experientes profissionais de televisão, que então iniciava carreira, chegou com o carro cheio de participantes do culto, muitos bêbados e suados. Começaram a gravar às duas da manhã. Terminou as seis. Estúdio limpo para receber o Padre Bruno às 9 e meia, sem saber do programa que viria antes.
Foi trancado no estúdio, com alegação de que a fechadura tinha quebrado. E celebrou a missa normalmente. Foi grande audiência no IBOPE. No dia seguinte , em longa matéria escrita pelo Dom Alberto na "A Província do Pará", excomungava Alamar e a TV Guajará. Recebeu ameaça de demissão, mas ficou pra receber alguns dias depois rasgados elogios de Walter Clark, o maior salário de Tv do Brasil na época( A Guajará era afiliada da Globo).
Disse Clark: “É isso aí, garoto! Parabéns! televisão é isto mesmo. Você aprendeu cedo demais! vá em frente e conte sempre com o nosso apoio. É de gente assim que a Globo precisa...
A história tem outras versões. E acabou virando mito no folclore da cultura paraense. Precisa ou não, merece nosso resgate.
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Fonte : http://migre.me/iWmqa
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