Ela foi uma marca da resistência feminina, quando ainda nem se sabia direito o que era violência contra a mulher. Ela foi uma marca da mulher digna, fiel e trabalhadora, apesar de poucas posses e instrução. Ela comoveu toda uma cidade e saiu da vida para entrar na história dos homens e do céu, atendendo graças e virando santa de uma cidade.. E você nunca se preocupou em conhecer a história de Severa Romana.
Dona Severa Romana Perreira e o marido, o soldado Pedro Cavalcante de Oliveira moravam onde hoje está a rua João Balby, nº 81, entre a atual Alcindo Cacela e a 14 de Março. Barraco modesto, meio pensão, meio cortiço, dividido em vários cômodos que eram alugados, sobretudo para a grande imigração nordestina que fugia da seca e sonhava com as libras da borracha.
Tinha 19 anos, casada há quase 2, gravida de 7 meses, quando com o marido concordou em fornecer refeições ao cabo do exército Antônio Ferreira dos Santos, transferido do Ceará.
Duas histórias narram o crime que marcaria para sempre a história da cidade.
A primeira, diz que o cabo Antonio, iniciou uma discussão por causa de tempero da comida. A segunda, talvez mais fundamentada, conta que o cabo se apaixonou pela jovem, que repeliu energicamente as propostas do militar.
Eram 7 da noite de 2 de julho de 1900, quando o marido de Severa, também militar estava de sentinela no quartel, Antônio ameaçou foi à barraca do João Balby e repelido mais uma vez, teria usado uma navalha golpeando-a no seio e no pescoço, e degolando-a.
Dona Gadelha que vivia no mesmo barraco , mas que tinha saído ao quintal para não presenciar a discussão, já viu o sangue escorrendo das mãos, do pescoço degolado e do peito. Dona Ferreira estava morta. O assassino fora visto correndo na direção da Tv. 14 de Março e perseguido por uma pequena multidão entusiasmada em prendê-lo. O criminoso se refugiou no XV Batalhão, onde se entregou e confessou o crime. A multidão que o perseguira não esqueceu o crime e passou a chamá-lo de “fera fardada”.
No dia de seu julgamento (27/07/1900), a multidão estava de prontidão e se encarregou de repetir, efusivamente, a alcunha; e da turba alvoroçada pedras cruzaram o ar para alcançar o criminoso. Severa virou um símbolo da esposa fiel, da mulher trabalhadora e de mártir virou santa de uma terra chamada Pará.
Fonte: Centro de Memórias da Amazônia-UFPa e Jornal " O Pará Julho e Agosto de 1900)
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