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ANTES E DEPOIS. A Agonia da memória do Palacete Faciola


 

O triste fim de uma dos mais importantes testemunhos da riqueza produzida com a borracha em Belém. Um dos maiores acervos da arte europeia privados, do que se configurou como "belle epoque", que sumiu da memória e dos registros de uma cidade. Uma história prestes a desabar. E você que passa todos os dias por lá, não tem sequer, ideia disso, e nada faz para reverter este crime contra o patrimônio . O triste fim do Palacete Faciola.

Construído em 1901, o Palacete Faciola é o resultado de um período de mudanças sociais e urbanas, marcado pela modernização da cidade inspirada pela chamada Sociedade da Borracha. Antônio de Almeida Facióla,  foi comerciante de muitas posses. O professor de música , arquiteto, que virou político, que foi livreiro em Belém ( Era dele a livraria Maranhense),  Senador, sócio de Banco de Companhia Cervejeira.

Em 1930, virou intendente de Belém, após a revolução do mesmo ano. Gestão que durou apenas um ano. No curto período, alargou a avenida 15 de agosto (Presidente Vargas), e a avenida Serzedelo Corrêa. Mas a obra mais perene foi um relógio, para ornamentar a Praça Siqueira Campos, que virou, popularmente, a Praça do Relógio..

Em seu interior, o Palacete possuia tetos com pinturas em profusões de flores e guirlandas, como se fossem desenhados à mão. O estilo arquitetônico neoclássico do local é herança do artista Antonio José Landi.
"Um verdadeiro museu da época em que a borracha era ouro”, segundo matéria da revista Cláudia, na década de 70, que completava  “Nenhum quadro triste. Nenhuma concessão à violência: em todas as peças de arte do Palacete Faciola só há flores, felicidade, amor". Um contraste ao que esperava pelo velho casarão.

No início da década de 1980, o Palacete fora oferecido ao Governo do Estado com todo o movelário de época e a diversificada coleção de obras de arte — o Estado teve a oportunidade de comprá-lo de "poteira fechada" e transformá-lo no museu da belle époque no Pará, sonho da herdeira desse patrimônio. A morte de Inah Facióla, última centralizadora do poder de decisão da família, dividiu o rico acervo e fracionou as opiniões sobre negociações com os setores público e privado.

Nunca foi tombado, e por isso não gozava de isenção de IPTU, mas desde 1994, o município de Belém, o colocou como parte do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Área de Entorno do Centro Histórico de Belém, sujeito ao tombamento. Um artifício que obrigava ao pagamento do imposto, mas engessava a liberdade de uso do imóvel.

Desapropriada, pelo Governo do Estado no final da década passada, por R$870.000,00, o preço de um apartamento de 3 suítes no bairro, para ser a sede do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp).  A exemplo da Chácara Bem Bom, também de Antonio Faciola, desapropriada por R$120.000.00, nos anos 90, da qual só restou a fachada, uma dos mais representativos símbolos culturais e arquitetônicos da cidade agoniza, talvez pedido, desliguem os equipamentos.

A história passa pelo discurso maior que a ação quando se tratar de preservação do patrimônio, pela brigas políticas da polarização que sempre habitou estas bandas, e a burocracia corrosiva que marca o país. Alternado poderes no município e estado, acabaram esquecendo que os governantes não podem ser maiores que o interesse público.

Fontes: Haroldo Baleixe/Revista Cláudia/Fórum Landi/ Célia Coelho Bassalo/Blog da FAU - UFPa. 
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