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PATRIMÔNIO PERDIDO. O triste fim do Solar do Japurá



A desconhecida história da primeira especulação imobiliária de Belém, quando uma das principais avenidas da cidade ainda era caminho de sítios e recantos. O triste fim do último testemunho de quase 200 anos de história, que teve o privilégio de hospedar a amante de D. Pedro I, a Marquesa de Santos e teve sua arquitetura registrada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York. Acabou como um  ginásio feio de uma das principais escolas de Belém. Era uma vez, a história do Solar do Japurá. 

Estrada de Nazareth, primeira metade do século XIX. Entre a atual travessa Quintino Bocaiuva e a Avenida Generalíssimo Deodoro, surgia mais uma entre tantas "Rocinhas" que se estendiam pela então zona rural da Belém daquele séculos. Eram sitios e vivendas, qu se estendiam no eixo que começava desde estrada das Mongubas ou das Mangabeiras hoje Avenida Almirante Tamandaré, passando pela antiga Rua da Cruz das Almas (hoje “Arcipreste Manoel Teodoro”), e atingia seu ápice da Estrada de Nazareth em direção a São Brás. 

Da "rocinha" em questão, pouco se sabe quem construiu ou quem foi seu primeiro dono. O mais famoso deles, que lhe rendeu o nome, foi o diplomata brasileiro Miguel Maria Lisboa , que em 1872 ganhara do império o titulo de Barão do Japurá. Um solar que ganhou notoriedade por ter abrigado a amante de D. Pedro I, a Marquesa de Santos.

No final do século XIX, boa parte das rocinhas tinham sido engolidas pelo crescimento urbano. Por conta de heranças, e a valorização do solo urbano com o crescimento da cidade, foram palco da primeira grande especulação imobiliária da capital. Os grandes terrenos foram subdivididos, que no final do século, eram comum, anúncios nos jornais de então, vendendo rocinhas com apenas “10 braças”, ou aproximadamente 22 metros, esfacelando as grandes propriedades. 

O solar do Japurá ganhou destaque nacional e internacional ao ser incluído como um dos exemplos de arquitetura tipicamente brasileira no livro “Brazil Builds: Architecture New and Old, 1652 -1942” editado pelo Museu de Nova York (Moma), o livro foi acompanhado por exposição itinerante nas principais cidades norte-americanas.

A história do centenário casarão acabava em nota publicada no jornal “A PROVINCIA DO PARÁ”, de 23 de Novembro de1969. O Colégio Nazaré, que tinha assumido o prédio, resolveu demolir o prédio, cuja conservação ameaçava a segurança dos alunos. 


No lugar, mandou construir um ginásio de esportes de gosto arquitetônico duvidoso. Poderia ter, pelo menos feito um registro de que, naquele local, um testemunho da história viveu por quase 200 anos e viu como poucos o tempo trazer o progresso, e a perda da memória de uma sociedade.

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Fonte: http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0815.pdf 

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