Nas primeiras décadas do século XX, a esquina da Rua General Gurjão com o Largo da Pólvora, promovido a Praça da República abrigava um dos mais concorridos cinemas da capital. O Cine Paris
tinha uma particularidade especial. Era freqüentado pelas mariposas, mulheres do meretrício ( como eram conhecidas as prostitutas de entã, que ocupavam toda a General Gurjão até à Rua de São Matheus (Padre Eutíquio).
Um local nobre na Belém da época, perto de grandes casas comerciais mas com uma proibição. Era proibida para as residências de famílias. O tempo passou, a tal limitação foi caindo e as famílias passaram a habitar o quadrilátero do pecado.
Como a "zona" seguia no local, os novos residentes foram obrigados a criar uma identificação, para evitar a presença dos incômodos clientes das moças que tradicionalmente podiam ser encontradas por ali.
Colocavam placas nas portas, indicando que ali, não tinha " vida fácil" em uma tentativa de afastar os mais afoitos que eram clientes costumeiros das pensões da General Gurjão.
A última dessas placas foi localizada pelo colaborador de Belém Antiga Márcio Kalango , que é o autor das fotos. Ela está na General Gurjão entre Primeiro de Março e Ferreira Cantão, antiga Bailique. Sobreviveu como a última de uma era porque, ironicamente, ninguém vive lá há anos. Internamente demolida, restou a fachada, a porta e a placa " Família". Testemunha privilegiada de uma Belém que não existe mais.
Fontes: O silêncio do tempo - Clóvis Meira (1988)/ Fragmentos de Belém/
Foto da Esquina: University of Wisconsin-Milwaukee Libraries (1949) Placa e Porta(2014): Márcio Kalango/ Arquivo Belém Antiga
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