A desconhecida história da peste, que uniu ricos e pobres, que em poucos meses contaminou grande parte da população de Belém, e que permitiu a cidade ter o primeiro cemitério públicos. Um cemitério público, mas com estreitos limites sociais. Ricos de um lado, Pobres de outro. Na Belém da primeira metade do século XIX, o capítulo esquecido da febre amarela.
O presidente da Província, conselheiro Jerônimo Francisco Coelho, descreveu assim a chegada da peste que chegou em doentes vindos em dois navios vindos de Recife.
"Muitos actos de caridade e de devoção entre si praticaram durante a crise os habitantes desta capital. A muitos indivíduos, a longo tempo inimizados, a compaixão e a piedade fez apagar em seus peitos os sentimentos de ódio, esqueceram antigas ofensas, e se congraçaram no leito da dôr; e tudo faz honra a seus sentimentos de philantropia, humanidade e cavalheirismo".
A morte de 506 vidas em 6 meses obrigou a uma decisão imediata pela ativação do cemitério. Jerônimo Coelho proibiu os enterros nas igrejas( inclusive a elite) e mandou cercar o "Cemitério Municipal" à rua São Vicente de Fora ( Serzedelo Corrêa) , entre as estradas da Constituição( gentil Bittencourt) e da Vala (Conselheiro Furtado), com fundos a travessa "Chafariz do Bispo"( Dr. Morais), usado apenas para enterrar escravos e palco de profanações constantes.
Ali foi construída a capela de "Nossa Senhora da Soledade", inaugurada em 8 de janeiro de 1850.
Em 25 de março de 1850, o Regulamento da Soledade obrigava o enterro ali dos falecidos em Belém; sob pena de multa de quarenta mil réis e 30 dias de prisão. Um cemitério apenas, mas com claras divisões sociais. O terreno do cemitério ficou dividido em quartéis, destinados para os monumentos particulares, para catacumbas, para sepulturas de pessoas livres e para escravos.
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Fontes Ernesto Cruz. Procissão dos Séculos: vultos e episódios da história do Pará. Belém: Imprensa Oficial, 1952, pp. 177-179./ Blog Carro Gitinho,
Jornal Gazeta Official (1858)
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